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Nota de repúdio à violência e em solidariedade ao MST

  • Date : 27 de novembro de 2022

O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, rede composta por 46 organizações e movimentos sociais, vem a público manifestar repúdio à ao ataque contra o Centro de Formação Paulo Freire, pertencente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na zona rural de Caruaru (PE). O ataque aconteceu na madrugada do dia 14 de novembro, quinze dias após o fim do segundo turno das Eleições de 2022.

De acordo com testemunhas, quatro pessoas invadiram a escola e picharam a suástica (símbolo do nazismo) e com a palavra “mito”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma moradia foi incendiada, mas ninguém ficou ferido. O caso foi registrado como incêndio doloso na 14ª Delegacia Seccional de Caruaru e é investigado.

Para o Comitê este é mais um episódio de violência política decorrente do discurso de ódio incentivado nos últimos quatro anos dentro do país pelo próprio presidente da República. O centro atacado é uma referência em educação popular no Nordeste e já formou mais de 100 mil agricultores e agricultoras em diversos cursos na região.

O uso da violência para silenciar defensoras e defensores, perseguir e atacar movimentos sociais, não é um fenômeno novo no Brasil, pelo contrário, é um instrumento frequentemente usado para tentar paralisar a luta por direitos humanos. os últimos anos, tem ganhado destaque no cenário nacional o aumento da violência política e o estreitamento do espaço cívico. São ataques e agressões que se utilizam de espaços de representação política para o avanço do ódio e da intolerância política.

A violência política pode ser entendida como “atos físicos, de intimidação psicológica e/ou discriminatórios, agressões, disseminação de discursos de ódio e conteúdo ofensivo contra grupos historicamente discriminados, em especial, pessoas eleitas, candidatas, pré-candidatas ou designadas para exercer papel de representação pública e/ou política, com o objetivo de suspender, interromper, restringir, ou desestabilizar seu exercício livre e pleno de representação e participação política”, de acordo com o Guia de Violência Política e Eleitoral no Brasil.

O Comitê expressa sua solidariedade ao MST, e conclama as autoridades públicas para que sigam investigando tais fatos.