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Luta e luto pelo assassinato de Mãe Bernadete Pacífico completa dois anos

  • Date : 17 de agosto de 2025

Três denunciados pelo crime aguardam júri popular enquanto família e movimentos exigem justiça e memória

Ilustração: Intercept e Conaq

“Estou com o corpo da minha avó aqui no sofá. Minha avó foi executada. Eles levaram o meu celular, o celular dela. Eu não tive como fazer muita coisa”.  As frases foram ditas por um dos netos da ialorixá Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. Foi através dessas frases que o Brasil soube há dois anos, em 17 de agosto de 2023, do assassinato da defensora de direitos humanos, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, localizada na região metropolitana de Salvador.

Ela morreu executada com 12 tiros, dentro da sua própria casa, lutando de forma incansável por justiça para a morte do filho, Flávio Gabriel Pacífico, o Binho do Quilombo, também assassinado em 2017. Nenhum dos casos foi elucidado até hoje pela e nenhum dos supostos assassinos foi a julgamento. A família Pacífico segue em luto e na luta por justiça há quase 10 anos.

Mãe Bernadete carregava sempre na bolsa, o documento que confirmava a autoidentificação do território quilombola, uma conquista coletiva forjada na busca por políticas públicas, educação, saúde e segurança pública para a comunidade quilombola, mesmo sob ameaças daqueles que queriam usurpar e se apropriar do território quilombola. E assim, ela viveu e morreu lutando por justiça para seu território e para a morte do filho.

Para o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, Mãe Bernadete sempre será uma referência na luta pela defesa dos territórios tradicionais, mas especialmente pela sua força e postura incondicional na defesa dos direitos humanos e da proteção à ddhs. Foi carregando a dor da perda do filho, que ela seguiu lutando. E será com essa mesma força que nós continuaremos lutando para que seu assassinato não fique impune. Que a justiça seja feita, jamais esqueceremos!