O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) manifesta solidariedade ao Instituto DH: Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania que sofreu ataque de hackers pró-Bolsonaro durante a oficina virtual do projeto ” Sementes de Proteção: Defendendo Vidas”, realizada no dia 23 de fevereiro. Para o Instituto DH, “ataques dessa natureza às lideranças e defensores é um grave ataque à democracia e à liberdade de expressão na luta por direitos humanos”, afirma em nota pública.
A ação aconteceu quando a mediadora do evento e coordenadora do PPDDH-MG, Maria Emília, foi abruptamente interrompida com interferências no seu microfone, além de inserção de vídeos de pessoas com trajes militares e armas de guerra, sons de vídeos pornográficos, xingamentos racistas e homofóbicos, além de dizeres a favor da reeleição do Presidente da República, Jair Bolsonaro, filiado desde novembro do ano passado ao Partido Liberal (PL).
A proposta do encontro era debater os desafios da atuação de quatro defensoras incluídas no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG) a partir das discussões sobre as redes de proteção popular no contexto das violações de direitos humanos.
Em virtude da invasão, a programação foi interrompida quando a oficina recebia mais de 60 pessoas entre as quais estavam: defensoras/es, ativistas, militantes, gestoras/es e profissionais das políticas de proteção, além de profissionais da segurança pública e de entidades da sociedade civil e do poder público que atuam em defesa dos direitos humanos em diversos cantos do país. Apesar do ataque, a oficina virtual foi realizada em outra sala virtual.
Para o Instituto DH o ataque possui caráter político, “uma vez que as ações dos hackers tinham como objetivo defender posições preconceituosas e que afrontam a política de direitos humanos, que amplamente tem espaço nos discursos realizados pelo presidente Jair Bolsonaro e que amplificam diversas ações de violações de direitos humanos”.
Maria Emília Silva, coordenadora do Instituto DH, garante que a ação dos hackers não vai paralisar as atividades da organização. “Ao invés de nos calar, vamos ampliar nossas vozes na defesa dos Direitos Humanos para uma sociedade em que todos possam viver com dignidade e respeito. Tal premissa é o que fundamenta o trabalho do Instituto DH e no PPDDH-MG”.
Projeto Sementes de Proteção
O projeto “Sementes da Proteção” visa fazer frente às violações dos direitos humanos que foram intensificadas nos últimos anos. A ideia é reorganizar lideranças e movimentos constituídos coletivamente para traçar estratégias de proteção popular dos defensores(as) engajados(as) na luta pelos direitos humanos.
O Instituto DH: Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania, em parceria com diversas entidades estaduais, é a responsável pela execução das atividades do projeto “Sementes de Proteção Popular: defendendo vidas em Minas Gerais”.