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Comitê leva defensoras brasileiras para intercâmbio nas Filipinas

  • Date : 30 de setembro de 2025

Defensoras brasileiras viajam para representar o Comitê na Conferência Popular da Ásia-Pacífico contra o Imperialismo e o Militarismo Climático

Foto: IPMSDL

Na próxima semana, dia 09 de outubro, terá início mais uma etapa do projeto Defensores do Sul Global, com a viagem da delegação brasileira composta por quatro defensoras da rede do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos para as Filipinas, no sudeste asiático.

Organizado pelo Comitê com apoio da Fundação Open Society, o intercâmbio tem o objetivo de internacionalizar a luta pela proteção de defensoras/es brasileiros no Sul Global, além de estimular a troca e aprendizados entre organizações em três continentes: América Latina, África e Ásia.

Conforme exposto no edital de chamamento, a delegação será composta por três defensoras/es de direitos humanos da rede do Comitê, além de até dois integrantes que compõem o Grupo Animador do CBDDH.

Viagem

Nesta terceira etapa do projeto, a delegação viajará para Filipinas, entre os dias 9 e 20 de outubro, para participar da “Conferência Popular da Ásia-Pacífico contra o Imperialismo e o Militarismo Climático“. O grupo será acompanhado por um tradutor para não comprometer a experiência de intercâmbio.

A conferência na Ásia reunirá líderes de base, defensores ambientais, organizações populares e defensores de toda a região asiática e outros países para elaborar estratégias, compartilhar experiências e construir solidariedade diante da escalada das ameaças climáticas e militaristas.

A delegação de intercâmbio do Comitê participará também de uma “Missão de Aprendizagem e Solidariedade” para comunidades da linha de frente diretamente impactadas pela injustiça climática e pela militarização.

O intercâmbio nas Filipinas conta com a parceria da Indigenous Peoples Movement for Self Determination & Liberation (IPMSDL), rede ativista que atua pela promoção dos direitos dos povos indígenas à autodeterminação, à terra e à vida.

Conheça a delegação

Compõem a delegação do intercâmbio nesta terceira etapa:  Mazé Morais, da Contag; Daiane Santos Ribeiro, da Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais (AATR); e Kathleen Tie Scalassara, da Terra de Direitos, além de Letícia Souza, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na vaga reservada ao Grupo Animador.

Da esquerda para à direita: Kathleen Tie Scalassara (Terra de Direitos), Letícia Souza (MST), Daiane Santos Ribeiro (AATR) e Mazé Morais (Contag). Foto: Montagem | Arquivo Pessoal e Contag

Quilombola e assessora jurídica da Terra de direitos, Kathleen Tie Scalassara, afirma que tem uma expectativa que com o intercâmbio  “possa aprender com outras comunidades e movimentos novas formas de ação e fortalecer redes de solidariedade”, trazendo novas perspectivas e estratégias para compartilhar com os territórios e movimentos que atua no Brasil.

Já a agricultora familiar e secretária geral da Contag, Mazé Morais, acredita que a troca de experiências entre diversos países na conferência é uma oportunidade única para compreender as violações de direitos humanos a partir de territórios do Sul Global.

“O intercâmbio não só ampliará nossas formas de luta, como também criará uma relação extra territorial, uma rede e um lugar de confiança e diálogo para fortalecer nossa relação e para enfrentar os desafios da proteção de defensores de direitos humanos. Essa iniciativa de intercâmbio do Comitê é mais do que importante. Traz a chance de construir uma conexão na luta das comunidades que vivem diversas violações de direitos humanos”.

Para a advogada popular Daiane Mendes, da AATR,  o tema central do encontro “Defendendo terras e territórios: Unindo-nos contra a injustiça climática e o militarismo” mostra como embora geograficamente distantes, Brasil e Filipinas compartilham desafios estruturais semelhantes.

“Estou bastante ansiosa pelo intercâmbio e acredito que será uma importante oportunidade para aprofundar o diálogo entre contextos que compartilham desafios estruturais iguais, a exemplo da criminalização de defensoras/es de direitos humanos, a violência contra comunidades tradicionais e a disputa por territórios diante do avanço de grandes empreendimentos. Penso que o diálogo com movimentos e comunidades nas Filipinas nos permitirá o compartilhamento de estratégias de proteção e articulação política, além do fortalecimento de nossos vínculos solidários, enquanto povos que constroem resistências.”

Já a advogada popular Letícia Souza, do MST, espera que no intercâmbio do Comitê possa trazer a chance de conhecer a realidade de perto dos defensores na Ásia e a realidade das comunidades nas Filipinas.

“Espero entender como funciona as relações e estratégias de atuação na proteção dos defensores de direitos humanos e vivenciar e sentir o território a partir da do diálogo direto com as pessoas”.