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CBDDH se solidariza com ativistas presos de forma arbitraria após protesto na estátua de Borba Gato

  • Date : 30 de julho de 2021

O entregador de aplicativos e ativista Paulo Roberto da Silva Lima, o ‘Paulo Galo’, se apresentou voluntariamente à Polícia Civil


O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos acompanha a luta contra a prisão arbitrária do entregador de aplicativos e ativista Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como “Paulo Galo”, Danilo Oliveira e Géssica Barbosa. Eles foram presos na segunda-feira (28/7) após se apresentarem voluntariamente para colaborar com as investigações da ação de protesto que incendiou a estátua Borba Gato, em Santo Amaro (SP). Eles possuem uma filha de três anos.

O CBDDH manifesta-se contrário as prisões e exige que os direitos de defesa do ativista e de sua companheira sejam garantidos, incluindo a imediata soltura dos mesmos. Para o Comitê, a prisão dos ativistas e da companheira de Paulo Galo é mais um capítulo da criminalização dos movimentos sociais no Brasil. Garantir os direitos dos ativistas é fundamental para manutenção de um processo democrático.

Compreendemos que a prisão temporária dos ativistas é desnecessária e desproporcional, uma vez que tanto Paulo como Danilo apresentaram-se a delegacia de forma espontânea, antes de ser emitido o mandado de prisão, além de terem informado às autoridades policiais seus endereços residenciais corretos.

Para o CBDDH ainda chama atenção a prisão de Géssica Barbosa, companheira de Paulo Galo, uma vez que ela sequer esteve no local da ação do protesto. O Comitê compartilha da argumentação da defesa quanto a irrazoabilidade da prisão, compreendendo que há uma tentativa de associar ela a ação devido ao compartilhamento de posts nas redes sociais. Paulo Galo é fundador do Movimento dos Entregadores Antifascistas, criado em junho de 2020 em defesa da democracia e com o objetivo de expor as condições precárias de trabalho da categoria.

O incêndio da estátua de Borba Gato durante o ato de protesto contra o governo Bolsonaro, renovou o debate sobre como a historiografia e os monumentos brasileiros estão ligados ao colonialismo e a escravização contra a população negra e indígena. Manuel Borba Gato (1649-1718) foi um bandeirante paulista que empreendeu expedições a Minas Gerais em busca de metais preciosos nos séculos 17 e 18 e, segundo muitos historiadores, participou ativamente da escravização de indígenas.