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“Candelária Nunca Mais”: ato em memória aos assassinatos denuncia o genocídio da juventude negra

  • Date : 23 de julho de 2021

Há 28 anos, dezenas de movimentos e organizações de defesa dos direitos humanos, sobretudo, mães e familiares vítimas da violência, concentram-se na Igreja Nossa Senhora da Candelária, para gritarem: “Candelária Nunca Mais!”, em memória aos oito meninos assassinados na Chacina da Candelária, no Centro do Rio.

O ato marca a luta pelo direito à vida e denuncia o genocídio da juventude negra no Brasil. A manifestação começa na madrugada do dia 22, com a vigília das mães e familiares vítima da violência, a lavagem das escadarias da igreja e a realização de uma missa. Neste ano, em virtude da pandemia de Covid-19, todas as atividades ocorrem de forma virtual, incluindo um twittaço às 18h.

A chacina

Na madrugada do dia 23 de julho de 1993, enquanto mais de 50 pessoas dormiam em frente a mais imponente e grandiosa igreja do Rio de Janeiro, a da Candelária, policiais fora de serviço alvejaram pessoas que tinham, de pertences, apenas seus cobertores. Seis das oito vítimas eram menores de 18 anos. Dormiam na rua evidenciando a falida proteção à criança e ao adolescente no nosso estado–algo que perdura até hoje.

O início da década de 90 foi marcado por uma altíssima taxa de letalidade no estado do Rio. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), entre 1991 e 1995, a taxa de assassinatos variou entre 60 a 64 pessoas a cada 100.000. Os anos posteriores mostraram uma baixa nesses crimes, mas, ainda sim, os números são altos e preocupantes. Em 2017, a taxa era de 40. Excluem-se desse número, ainda, outras tantas formas de violência letais–não registradas como mortes violentas, seja nas filas dos hospitais ou nos acidentes de trânsito.