Evento, promovido pela Embaixada da França, na Cidade do México, teve a participação de representantes de oito países, além da Corte Interamericana e ONU

“Sem defensores, não há direitos humanos”, afirmou a Delphine Borione, embaixadora da França no México. A mensagem enfática deu o tom da ‘Reunião Regional de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos’, promovida pela embaixada entre os dias 12 e 15 de outubro na cidade do México. O evento reuniu defensoras e defensores de oito países: Brasil, Colômbia, México, Honduras, El Salvador, Peru e Guatemala, além de representantes da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e das Nações Unidas (ONU).
“Foi um momento importante de articulação para a gente se conhecer, se encontrar e falar das nossas lutas, identificar as semelhanças que enfrentamos regionalmente na defesa de direitos e ações de proteção de casos em organismos internacionais, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos e a ONU, e também algumas estratégias de segurança e estratégias para a formação e manutenção de redes voltadas para proteção de defensores e defensores de direitos humanos”, afirma Maria Tranjan.
Coordenadora do Programa de Proteção Democrática da ARTIGO 19 Brasil e América do Sul, a antropóloga e advogada participou da atividade junto com a Kretã Kaingang, liderança índígena do Povo Kaingang do Conselho Missionário Indigenista (Cimi) — ambos representando o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH).

Com três dias de atividade, a ‘Reunião Regional de Defensoras e Defensores da América Latina’, contou com dois dias de oficinas, cujo objetivo foi trocar experiências sobre como articular redes de proteção, documentar casos e conhecer o papel jurídico e ferramentas da Corte Interamericana. Participaram defensores de direitos ambientais, LGBTIQIAPN+, direitos territoriais, direitos das mulheres, direitos dos povos indígenas e direitos relacionados ao acesso à informação e à justiça.
“Ouvir outras organizações que lutam em defesa dos direitos humanos, enriquece até a maneira da gente pensar e planejar futuramente por qual o caminho seguimos para que a gente consiga proteção e apoio para o nosso povo. Dá a chance de fazermos uma proteção com maior qualidade para que os nossos parentes também possam denunciar sobre o que está sendo violado dentro dos seus territórios”, explica Kretã Kaingang.
Com forte atuação nas lutas dos povos originários, especialmente nas retomadas, Kretã Kaingang é reconhecido no movimento indígena em nível nacional pela luta de demarcação de terras indígenas e proteção territorial; além da luta contra o Marco temporal e Lei 14.701/2023 (sobre o reconhecimento, a demarcação, o uso e a gestão de terras indígenas).