Foto: Comunicação Cúpula dos Povos Ruma à COP30
Com os olhos do mundo voltados para Belém (PA), sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes), a COP30, que acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, movimentos sociais, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses e populações urbanas periféricas e a sociedade civil se organizam para romper a barreira das negociações oficiais no principal encontro internacional sobre a crise climática global.
É neste contexto que, há menos de dois meses, representantes de organizações sociais e movimentos populares que integram a Comissão Política e a Comissão Local, reuniram-se nos dias 18, 19 e 20 de setembro, na capital paraense, para articularem em mobilização e construção da Cúpula dos Povos Rumo à COP30 sobre Mudanças Climáticas.
O objetivo do encontro foi avaliar, construir metodologias e planos de trabalho de todas e a mobilização de recursos de todas as frentes responsáveis pela organização do evento. O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos participou do encontro, sendo representado por Darci Frigo, coordenador da Terra de Direitos.
O CBDDH participa da Comissão Política da articulação, coordenando o GT de Segurança. A Cúpula dos Povos Rumo à COP30 é uma articulação que reúne mais de 800 organizações e movimentos do Brasil e do mundo. O grupo tem se reunido desde novembro de 2023, a partir da entrega da carta de construção entregue ao presidente Lula, em que é destacada a necessidade de envolver povos da floresta no debate e na construção da política climática.
A Cúpula dos Povos quer ser espaço de debate paralelo à COP de Belém. De 12 a 16 de novembro, o evento será um contraponto à COP30, construído pelos territórios. Povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, agricultores familiares, juventudes, pescadores e trabalhadores urbanos unidos por justiça climática.
Infraestrutura e Segurança
O evento promete uma agenda crítica a ações de governos e grandes empresas e prevê reunir 10 mil pessoas, com 7.000 alojadas em acampamentos, além de outras 3 mil nos espaços, totalizando uma infraestrutura de alimentação para 10 mil pessoas. A Cúpula dos Povos é a maior mobilização popular pelo Clima. A programação ainda não está fechada, mas a organização já divulgou uma prévia.
No dia 12, além da chegada das caravanas, está previsto para a tarde a realização de uma barqueata, uma espécie de comitiva de barcos para reivindicar e protestar, nas proximidades da Universidade Federal do Pará. Já nos dias 13 e 14, haverá espaços de debates independentes, com plenárias dos Eixos de Convergência, Diagnósticos, Denúncias e Estratégias de Proteção Populares.
Já no dia 15, acontecerá a Grande Marcha Global Unificada. A previsão é de que até 50 mil pessoas participem. No dia 16, além das atividades e plenárias, também ocorrerá uma conferência de imprensa.
Durante o evento, um grupo de advogados populares que atuam com direitos humanos estarão de plantão durante toda a realização da Cúpula dos Povos, aliada com outras iniciativas para a proteção aos defensores e defensoras de direitos humanos. O GT de Segurança já está em contato com a Secretaria Geral da Presidência da República e o Ministério da Justiça para alinhar protocolos e aspectos da segurança dos alojamentos, da Barqueata e da grande marcha.
A ideia é preparar a participação dos representantes dos movimentos sociais para fazerem parte da comissão de segurança. Estima-se que sejam necessárias 500 pessoas para fazer parte dos grupos de segurança com revezamento. “Nós temos muitos desafios a serem vencidos ainda, especialmente, o fato de que há restrição de recursos para garantir a alimentação e toda essa infraestrutura necessária para a realização da Cúpula dos Povos. Mas há muita expectativa da chegada de pessoas que já entram em contato de todo o mundo para participar e se somar”, explica Darci Frigo.
A Cúpula dos Povos é um chamado internacional lançado sempre que há eventos internacionais que vão decidir temas cruciais para os povos, reforçando a necessidade de mobilizar a sociedade civil, os movimentos sociais, as redes e fóruns que debatem cotidianamente soluções populares para os dilemas da humanidade.