Pedido foi feito pelo Comitê Brasileiro de Defensoras/es de Direitos Humanos(CBDDH), e representantes de organizações sociais e religiosas, em janeiro desse ano, para o então diretor-geral da Polícia Federal Fernando Segóvia.
Iniciou em 1º de março, a segunda fase das investigações do Massacre de Pau D´arco, sob o comando do delegado da Polícia Federal (PF), Mário Sérgio Santos Nery, que foi destacado ao município para assumir, de forma exclusiva, as investigações dessa nova etapa. O pedido foi feito por representantes do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensoras de Direitos Humanos e representantes de organizações sociais e religiosas, em janeiro desse ano, durante reunião com o, à época, diretor- geral da Polícia Federal Fernando Segóvia. No massacre, que completa um ano em 24 de maio de 2018, dez trabalhadores rurais foram executados por policiais civis e militares, em uma fazenda no município de Pau D´arco, sul do Pará.
O novo delegado, à frente das investigações, conta com uma equipe de cinco pessoas. Em entrevista ao Comitê, Mário Sergio destacou que, até final de abril, pretende dar um retorno à sociedade sobre a linha de investigação dessa fase. A segunda fase das investigações tentará chegar aos mandantes desse crime bárbaro. A presença da equipe da PF, na primeira fase, foi decisiva para desmentir a versão de confronto, como haviam relatado os policiais em depoimento. A perícia da PF demonstrou que houve execução e, após a realização de delações premiadas, 15 policiais foram presos.
“As investigações nessa segunda fase são mais complexas, pois, diferente da primeira fase, não contamos com provas materiais – que falam por si só. Nessa fase, tudo está nas entrelinhas”, explica o delegado, Mario Sérgio Santos Nery. Segundo ele, desde sua chegada, além do acesso ao inquérito para análise de todas as provas, o delegado também tem se reunido semanalmente com os promotores do Ministério Público de Redenção encarregados pelo caso.
Omissão do Estado
O CBDDH reforça sua preocupação com as famílias das vítimas, os sobreviventes desse massacre e as famílias que reocuparam a área da fazenda Santa Lúcia. Até o momento, a assistência do Estado é inexistente. Há pessoas ameaçadas na região que necessitam de proteção e novas ordens de despejo estão autorizadas em Marabá, incluíndo a área da fazenda Santa Lúcia. No dia 5 de fevereiro desse ano, morreu Verônica Milhomem, que perdeu dois filhos, dois irmãos, dois sobrinhos e uma cunhada no massacre de Pau D’Arco.
Dona Vera, como era conhecida, fazia tratamento de hemodiálise e utilizava uma bolsa de colostomia. Era sustentada pelos dois filhos (executados no massacre) e após a perda dos sete familiares, seus problemas de saúde agravaram-se. Sem conseguir qualquer assistência do Estado, ela teve uma perna amputada em setembro de 2017, falecendo no começo desse ano após complicações em seu quadro de saúde.
Missão Ecumênica
A situação de Dona Verônica e de outras pessoas, que aguardam uma resposta do Estado para essa chacina, foram acompanhadas “in loco” pelo Comitê, durante Missão “in loco” realizada em novembro de 2017 ao estado do Pará. Desta Missão, foram retirados vários encaminhamentos, tais como a reunião com a Polícia Federal em Brasília, realizada em janeiro desse ano. A Missão ecumênica foi uma iniciativa do Fórum Ecumênico ACT Aliança Brasil (FEACT-Brasil), Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), e Processo de Articulação e Diálogo Internacional (PAD).