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Famílias do acampamento Hugo Chavez em Marabá (PA) lutam para barrar despejo

  • Date : 13 de novembro de 2017

Um despejo marcado para o dia 13 de dezembro desse ano está trazendo medo, revolta e incertezas para as 300 famílias do acampamento Hugo Chavez do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST), na fazenda Santa Tereza em Marabá no Pará. Integrantes da Missão Ecumênica, realizada no estado na última semana, estiveram no acampamento na sexta-feira (10) e conheceram o dia a dia dessas famílias, além de ouvirem relatos sobre o temor pela desocupação, que já tem data marcada, e as intimidações e violências de ações por parte dos fazendeiros

 

“A gente queria que os fazendeiros parassem de atirar bombas aqui dentro, a gente fica com medo”, diz Helida, uma das crianças sem terrinha do acampamento.

 

A ocupação da terra onde fica o acampamento Hugo Chavez, realizada  em 2014, foi uma forma de denunciar a grilagem de terras públicas pelo proprietário da fazenda, o empresário Rafael Saldanha. Mesmo com vários indícios de fraude no processo, o empresário recebeu a titulação da terra pelo Instituto de Terras do Pará (ITERPA).

 

“Reintegração de posse nessa área tem um prejuízo muito grande. Se as famílias forem retiradas daqui, elas não têm casa na cidade,não têm emprego, as crianças do acampamento não concluirão os 200 dias letivos previstos na constituição, as famílias perderão suas plantações. Estamos em um acampamento porque não temos condições de viver na cidade, porque não temos condições de comprar um pedaço de terra. E no caso da fazenda Santa Tereza, essa terra é pública e é grilada pela família Saldanha. Estamos aqui reivindicando área pública, do estado, e que deveria ter sido destinada para a reforma agrária, para assentamento de famílias que não possuem condições de comprar terra”, lembra Polliana Barbosa Soares, acampada do Hugo Chavez.

 

No local, uma escola municipal atende 165 crianças a partir dos 4 anos, além das mulheres e homens em idade de “Educação para Jovens e Adultos” (EJA), totalizando 187 alunos. As terras, antes um castanhal destruído e transformado em pastagem, deram lugar à plantações de arroz, feijão, macaxeira, abóbora, dentre outros produtos que alimentam as famílias acampadas e  ainda são utlizados na fabricação da merenda escolar.

Despejo-  A liminar que determina o despejo das famílias foi emitida pelo juízo da Vara Agrária de Marabá e pelo Tribunal de Justiça do Estado. Além da área da fazenda Santa Tereza, mais 19 áreas no estado também serão desocupadas. Ações que deixarão, aproximadamente, 8 mil homens, mulheres e crianças sem casa e com suas áreas de plantações destruídas.

Missão Ecumênica – A Missão Ecumênica, realizada entre os dias 8 e 10 de novembro, foi  uma iniciativa do Fórum Ecumênico ACT Aliança Brasil (FEACT-Brasil), Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), e Processo de Articulação e Diálogo Internacional (PAD). A ação teve como objetivo prestar solidariedade e apoio às famílias e comunidades atingidas pela violência do campo, cobrar providências das autoridades locais, e convocar igrejas e pastorais para que se posicionem contra a violência no campo.