O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), vem a público manifestar preocupação com a prisão das lideranças das ocupações Sem Teto em São Paulo. Desde o último dia 20, os moradores da Ocupação Mauá e Prestes Maia vem sofrendo com perseguição por parte da polícia que vem realizando ações no local. De acordo com relato dos moradores das ocupações e apoiadores, duas lideranças, Silmara e Sukita, foram presas no dia 25 após uma ação arbitrária da Polícia Civil sob a alegação de furto de energia no prédio. Apesar da audiência de custódia já ter sido realizada e o juiz ter deliberado pelo relaxamento da prisão de ambos, as lideranças ainda não foram liberadas.

O Comitê repudia a prisão e se solidariza com as famílias e com as lideranças que estão sendo criminalizadas e perseguidas em decorrência de sua luta por moradia, que se mostra ainda mais fundamental neste momento de pandemia.

Segue a nota da Ocupação sobre o ocorrido:

“A absurda prisão de Silmara e Sukita (Adriano), lideranças da Ocupação Mauá e Prestes Maia. A Polícia precisa parar de perseguir os Sem Teto! Na noite do dia 25/02, por volta das 19 horas, fomos informados sobre uma ação da polícia, no subsolo da Ocupação Prestes Maia, na região da Luz em SP. A companheira Neti foi chamada ao local, onde policiais civis diziam que pela passagem do subsolo de ligação uma rua à outra estariam transitando furtadores de celulares da região. Mesmo não conseguindo comprovar nenhuma relação com os furtos e o local, mas Policiais Civis, decidiram prender Silmara e Sukita, alegando que estes seriam responsáveis por furto de energia no prédio. Esta situação não tem o menor cabimento e é um completo absurdo, considerando que as famílias moram há anos na Ocupação, e todos estão cansados de saber que nas Ocupações, por pura omissão das concessionárias não há energia regular. Agora vão prender todo mundo? Como ficar sem luz na pandemia? Como morar num prédio de mais de 20 andares sem energia? Basta circular pelas ocupações no centro e nas periferias, para que fique patente o descaso do poder público, que não fornece energia para a população de baixa renda, e quando fornece, o preço é caríssimo. E ainda querem privatizar! Estas prisões se inserem num contexto de constante perseguição aos Sem Teto, que vêm sofrendo um sistemático processo de criminalização na cidade de São Paulo. Isso precisa ter um fim. Chega de perseguição! Silmara e Sukita estão sendo acusados de furto de energia e durante a pandemia as audiências de custódia têm sido muito difíceis. Pedimos a imediata liberdade para Silmara e Sukita, lideranças das Ocupações Mauá e Prestes Maia e o fim da Perseguição aos Sem Teto. Lutar não Crime!”