O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), Rede composta por mais de 35 organizações do campo e da cidade, participa nessa semana das atividades da 22ª sessão do Grupo de Trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a discriminação contra as mulheres. O evento acontece em Nova York e conta com a participação de mulheres defensoras de direitos humanos de diversos países do mundo todo, como o Brasil, Guatemala, Nicarágua, Togo, Índia, Filipinas, Colômbia, dentre outros. Nesta quinta-feira (26), será realizado um espaço de debate e troca de experiências entre essas mulheres com representantes da relatoria especial para Mulheres e para Defensores de Direitos Humanos da ONU.
Júlia Lima, coordenadora do programa de proteção da Artigo 19, organização que compõe o Comitê, é a representante da Rede na atividade. Durante a reunião, a representante do Comitê terá um momento para expor o contexto de violência contra defensoras e defensores no Brasil.
“Destaco a importância desse espaço internacional de denúncia e de troca de experiências com outras organizações que atuam na proteção de defensoras e defensores. A situação no Brasil é de uma crescente violência contra essas pessoas e grupos que lutam pela garantia de direitos. Aqui, podemos ouvir novas estratégias e pensar novas formas de atuação nessas situações, além de fazer com que outros países do mundo também conheçam nossa realidade”, lembra Julia Lima.
As ativistas e representantes das organizações de direitos humanos, irão compartilhar seus relatos sobre a violência contra defensoras/es em seus países, além de abordarem as situações às quais são expostas no atual cenário de crescente violência e violações de direitos em todo o mundo. O espaço também será a oportunidade para conhecer estratégias de proteção coletiva dessas organizações, ações e recomendações necessárias ao poder público para amenizar esse cenário de violência.
“Ouvindo o relato de defensoras e defensores de outros países, também percebemos que essa violência é sistemática e, como no Brasil, está relacionada ao modelo de desenvolvimento. Povos que lutam pelo direito à terra, ameaçados por grandes latifúndios, empresas e projetos de extração, atendendo a lógica de um dono da terra que busca obter lucro”, pontua a representante do Comitê. De acordo com a ONU, em 2017, foram mais de 300 defensoras e defensores de direitos humanos assassinados por suas lutas e resistência em seus territórios.