Publicação, já disponível online, ainda será lançada na Cidade de Goiás nesta quinta-feira (13)
Nesta semana, em Brasília (DF), aconteceram dois atos de lançamento da segunda edição do Dossiê Vidas em Luta 2: Criminalização e violência contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil em 2017. A publicação do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) traz um conjunto de artigos, escritos por integrantes das 34 organizações que compõem o CBDDH, com análises sobre a violência e a criminalização contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil em 2017. A primeira edição do Dossiê Vidas em Luta foi lançada em julho de 2017.
Na segunda-feira (10), o lançamento ocorreu no auditório do Sebinho – Cultura e Gastronomia, em evento organizado em parceria com o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), organização que integra o CBDDH. O outro lançamento do Dossiê em Brasília (DF) aconteceu nesta terça-feira (11), no 3º Encontro Nacional das Equipes do Programa de Proteção aos Defensores/as de Direitos Humanos (confira abaixo).
O ano de 2017 se configurou como um dos mais violentos para quem atua na defesa de direitos no Brasil. As análises contidas na segunda edição do Dossiê Vidas em Luta trazem relatos de assassinatos, ameaças, criminalização, além de reafirmarem um cenário de impunidade para todas e todos aqueles que cometem violências contra defensoras e defensores no país. A publicação também pode ser acessada em formato online.
A defensora de Direitos Humanos e liderança quilombola de Pérola do Maicá, em Santarém, no Pará, Lídia Roberta de Amaral, participou dos dois eventos e aponta os desafios de ser mulher na luta por direitos. Ela destaca que o machismo, ainda muito presente em nossa sociedade, expõe as mulheres que se colocam na luta em defesa de territórios a uma condição de maior vulnerabilidade e violência.
“O pensamento na sociedade é de que nós não podemos estar na linha de frente, junto com os homens, na defesa do nosso território. Mas a realidade é outra. Nas estatísticas, nós somos violentadas de formas cruéis, uma maneira de nos calarem para que outras mulheres vejam e não se levantem para lutar”, conta a defensora, que também relata um cotidiano de ameaças e intimidações em seu território que a obrigaram, inclusive, a retirar seus filhos de casa para protegê-los.
Lídia também apresenta sua luta no filme documentário “Encantadas: Mulheres e suas lutas na Amazônia”, uma produção do Cfemea e Geodésica Produções, lançado junto com o dossiê nesta segunda-feira. Os debates do lançamento contaram ainda com a participação da diretora e da assessora do Cfemea, respectivamente Guacira Cesar de Oliveira e Milena Argenta, da integrante da coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Ayala Ferreira e Inara Nascimento, do Núcleo de Mulheres de Roraima (Numur).
Seminário PPDDH- O segundo lançamento do Dossiê em Brasília (DF) ocorreu nesta terça-feira (11), no 3º Encontro Nacional das Equipes do Programa de Proteção aos Defensores/as de Direitos Humanos. Com a presença dos técnicos do Programa, foi realizada uma mesa de debates com a participação da advogada Luciana Pivato, representando o Comitê, Guacira Cesar de Oliveira pelo Cfemea, do integrante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Antônio Criolo, da comunidade quilombola Conceição das Criolas (PE) e da defensora Lídia Roberta de Amaral.
Durante o debate, foram abordadas questões sobre a violência contra defensoras e defensores de direitos huma
nos e, principalmente, sobre os desafios do PPDDH no que se refere à sua continuidade, o orçamento e a presença de equipes nos estados da federação. Atualmente, ele está presente em apenas quatro estados, o que dificulta ainda mais a proteção de pessoas que atuam na defesa de direitos. O representante da Conaq, Antônio Criolo, apresentou os dados da publicação “Racismo e violência contra quilombos no Brasil”, organizada pela Conaq e Terra de Direitos. A pesquisa, que reúne dados de 2008 a 2017, revela o aumento da violência contra quilombolas do país. Apenas no último ano houve um aumento 350% no número de assassinatos de quilombolas no país, em dados comparados com 2016.